Sondagem da FGV e ABDI aponta fatores para aumentar a competitividade da indústria

Pesquisa foi realizada com 300 indústrias que contam com mais de 250 funcionários

Por Conexão Indústria 4.0 05/05/2019 - 09:29 hs
Foto: ABDI
Sondagem da FGV e ABDI aponta fatores para aumentar a competitividade da indústria
Guto Ferreira, presidente da aBDI

Fornecer “serviços de alta qualidade” é o principal fator de competitividade para a maioria das empresas entrevistadas pela mais recente sondagem realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Este item apresentou uma média de 4,5 pontos, em uma escala em que zero representa sem importância e cinco muita importância. “Com uma necessidade cada vez maior de oferecer um serviço de qualidade e com os custos mais baixos, como apontado na pesquisa, é possível perceber um movimento da indústria na busca da digitalização dos procedimentos, o que na nossa visão seria essencial para aumentar a competitividade”, explica Guto Ferreira, presidente da ABDI.

Na sequência, os empreendedores apontaram que “oferecer serviços de baixo custo e com qualidade”, é o segundo fator em relevância para a empresa ter bom desempenho no mercado, com 4,4 pontos, seguido por “velocidade de entrega” e por “confiabilidade”, ambos com 4,3, e “flexibilidade” com 4,1.

Os empresários apontam ainda que, os principais fatores para alcançar estes elevados graus de competitividade são: “especialização em produtos e/ou segmentos de mercado” 58,7%; “definição de política de preços e posicionamento de custos” 54,7%; “aumento da qualidade do produto e liderança tecnológica” 53,7%; e “aumento do relacionamento com o cliente” 50%. O presidente da ABDI também comentou sobre como esse investimento pode ser benéfico. “O desenvolvimento da pesquisa e a imersão da tecnologia nos negócios é fundamental para o desenvolvimento da indústria 4.0 no Brasil. A partir disso é possível encontrar várias soluções para resolver problemas que seriam entraves à nossa indústria anteriormente”, disse.

Dentre as empresas pesquisadas, 59,5% possuem departamento de P&D, com índices maiores nas regiões Sudeste (66,7%) e Sul (64,6%). No Centro-Oeste/Norte e Nordeste esses percentuais são de 33,3% e de 32,4%, respectivamente.  

Investimento em inovação

A Sondagem de Inovação mostra que o indicador subiu 7,9 pontos, quando passou de 104,6 para 112,5 pontos em relação ao período anterior. Este é o maior valor desde o último trimestre de 2011. 

O dado é obtido pela diferença entre a proporção de empresas que afirmaram ter aumentado os gastos em inovação e aquelas que mantiveram ou diminuíram, acrescido de 100. Quando o indicador, que varia em uma escala de 0 a 200, se mantém abaixo dos 100 pontos, significa que um maior número de empresas diminuiu ou não realizou investimentos em inovação no período pesquisado.

O percentual de empresas que aumentaram os gastos com inovação subiu de 21,4% para 22,8%, enquanto a porcentagem de empresas que diminuiu os recursos no setor foi de 6,1% para 3,7%, no mesmo período. Outros 66,9% mantiveram os gastos com inovação no 4º trimestre de 2018, a segunda maior proporção da série, atrás apenas do 4º trimestre de 2017 (70,8%).

O coordenador de Planejamento e Inteligência da ABDI, Rogério Araújo, destaca que a Sondagem mostra uma relativa estabilidade do setor no 4º trimestre de 2018. “Os empresários estão cautelosos em inovar no momento. A inovação em produtos ou processos continua em níveis baixos, mas o indicador de Gastos com Inovação voltou a avançar, se mantendo acima da média histórica. Considerando o ritmo lento de crescimento para este ano, as perspectivas de inovação para os próximos trimestres devem ser avaliadas com cautela”, avalia.

Produtos e processos

A Sondagem da ABDI revelou dificuldade das empresas industriais na inovação de produtos, mas uma recuperação nos processos. Houve queda de 1,7 ponto percentual (p.p.) na proporção de empresas que inovaram com produtos novos, mas já existentes no mercado nacional, atingindo 31,5% das empresas entrevistadas no 4º trimestre de 2018. A inovação em produtos novos, mas ainda não existentes no mercado subiu de 12,4% para 13,8% do total de empresas entre o 3º e 4º trimestres de 2018. 

Em relação aos processos novos ou substancialmente aperfeiçoados para a empresa, mas já existentes no mercado nacional houve alta de 3,5 pontos em relação ao trimestre anterior. Já a inovação de processos novos para o mercado caiu de 10,3% para 8,2% no período.

Os resultados menos favoráveis devem ser vistos no contexto de queda da produção industrial (-1,3%, segundo dados da PIMPF do IBGE) e de baixa variação do PIB, em apenas 0,1%, como explica Rogério Araújo. “Os números revelam perda do dinamismo no setor em 2018. Vários fatores contribuíram para isso, entre eles, a greve dos caminhoneiros, o cenário externo turbulento, e a elevada incerteza gerada pelo período eleitoral”.

O período de coleta da Sondagem de Inovação é trimestral e ocorre nos dois primeiros meses subsequentes ao trimestre de referência da pesquisa. Para a edição do 4º trimestre de 2018, foram aplicados 304 questionários entre 03 de janeiro e 14 de março, em empresas industriais com 250 ou mais funcionários. “A pesquisa apresentou resultados muito importantes para entender melhor o cenário da indústria brasileira. Mesmo com a diminuição da produtividade as empresas estão vendo a inovação como uma alternativa para retomar o rumo do crescimento”, ressaltou Guto Ferreira.